"Sabes... Todos temos bagagens. E de todos os tipos... Intelectual, cultural, amorosa, profissional...
Ter bagagem não é necessariamente mau. Nós não viajamos sem bagagem quando vamos a algum sítio.
Contudo, quando planeamos a viagem e fazemos a mala temos o cuidado de pensar no que pomos lá dentro.
Se pensares bem, geralmente escolhemos as coisas que mais gostamos de usar, alguma recordação verdadeiramente importante, como uma foto de alguém querido, e arrumamos tudo direitinho para que na viagem a bagagem não se estrague.
Se por acaso, acontece ela perder-se, geralmente afligimo-nos e procuramos incessantemente por ela, ao ponto de pedirmos uma indemnização quando a recuperamos estragada. E no regresso, regra geral, costumamos trazer sempre mais alguma coisa do que levámos. Há sempre alguma coisa que trazemos como recordação dessa viagem. Algo de que gostámos muito, algo pelo qual nos apaixonámos. Uma coisa que vá ficar na nossa vida. E às vezes gostamos tanto da viagem que trazemos recordações dela para os nossos amigos. E quando nos dá a nostalgia temos tendência a ir ver fotos dessa altura. Como algo sempre presente que nos recorda o quanto fomos felizes.
O passado é um pouco assim. Só que com ele não costumamos ter o cuidado de o preparar. Achamos que ele sozinho lá se há-de arrumar e ainda por cima queremos que fique bem arrumado.
Acho que por vezes precisamos de planear uma viagem ao passado. O problema é que gostamos tanto de viver que nem paramos para fazer a bagagem. Partimos do princípio de que é por causa de não planearmos a viagem que esta vai correr melhor.
Mas nem sempre é assim... Todos sabemos que muitas vezes não é assim. E por isso a meio da viagem, interrompemo-la. Normalmente esse é um bom momento para fazermos a bagagem do passado. Olhar para dentro da nossa bagagem e começarmos a fazê-la do início.
Começar por escolher aquilo que queremos mesmo levar, aquelas coisas das quais gostamos tanto que já fazem parte de nós. Depois disso devemos por as coisas mais pesadas no fundo e no cimo as mais leves. E se ainda houver algum espaço podemos fazer uma de duas coisas: ou colocamos lá mais alguma coisa que achamos que nos vai fazer falta mesmo que saibamos que dificilmente fará, ou deixamos o espaço livre para trazer mais alguma coisa na viagem de regresso.
Essa decisão geralmente compete a cada um. Tem a ver intrinsecamente com aquilo que cada um de nós é e com a forma como pensa. Se um retiro nos fizer refazer a bagagem, acho muito bem que o façamos. Mas se pelo contrário acharmos que ainda vai ser mais difícil decidir o que levar na viagem, talvez essa não seja a altura ideal de interrompermos a viagem.
Até porque às vezes precisamos de alguém que faça a bagagem por nós, senão corremos o risco de nunca chegar a partir porque demorámos imenso tempo a decidir o que levar.
A quem já fixou o que é essencial na sua bagagem, já tem metade do trabalho feito.
Contudo, por vezes acontece, que muito do nosso passado marcante ainda ocupa um espaço de bagagem superior aquele que deveria, ou neste caso superior ao que lhe é permitido. Até porque como todos temos bagagem, se queremos partilhar uma viagem com alguém temos de saber abdicar de alguma da nossa bagagem, para que a bagagem desse/a companheiro/a de viagem também possa caber ao pé de nossa e possamos dessa forma iniciar uma viagem em conjunto.
E aí há que ter em atenção que não podemos opinar sobre o que cada um colocou na sua bagagem. A bagagem é uma coisa demasiado íntima e pessoal, para que seja fácil deixarmos que qualquer companheiro de viagem a analise. Normalmente quando alguém o faz, isso magoa-nos. É preciso já uma grande confiança para que possamos chegar a esse ponto. E mesmo quando lá chegamos, arriscamo-nos a sair feridos já por vezes nem nós sabemos se gostamos de toda a bagagem que decidimos levar nessa viagem.
É como te disse no início, todos temos bagagem(s).
Nem sempre temos é um espaço suficientemente grande que nos permite guardá-la no sítio que lhe destinámos."
Ter bagagem não é necessariamente mau. Nós não viajamos sem bagagem quando vamos a algum sítio.
Contudo, quando planeamos a viagem e fazemos a mala temos o cuidado de pensar no que pomos lá dentro.
Se pensares bem, geralmente escolhemos as coisas que mais gostamos de usar, alguma recordação verdadeiramente importante, como uma foto de alguém querido, e arrumamos tudo direitinho para que na viagem a bagagem não se estrague.
Se por acaso, acontece ela perder-se, geralmente afligimo-nos e procuramos incessantemente por ela, ao ponto de pedirmos uma indemnização quando a recuperamos estragada. E no regresso, regra geral, costumamos trazer sempre mais alguma coisa do que levámos. Há sempre alguma coisa que trazemos como recordação dessa viagem. Algo de que gostámos muito, algo pelo qual nos apaixonámos. Uma coisa que vá ficar na nossa vida. E às vezes gostamos tanto da viagem que trazemos recordações dela para os nossos amigos. E quando nos dá a nostalgia temos tendência a ir ver fotos dessa altura. Como algo sempre presente que nos recorda o quanto fomos felizes.
O passado é um pouco assim. Só que com ele não costumamos ter o cuidado de o preparar. Achamos que ele sozinho lá se há-de arrumar e ainda por cima queremos que fique bem arrumado.
Acho que por vezes precisamos de planear uma viagem ao passado. O problema é que gostamos tanto de viver que nem paramos para fazer a bagagem. Partimos do princípio de que é por causa de não planearmos a viagem que esta vai correr melhor.
Mas nem sempre é assim... Todos sabemos que muitas vezes não é assim. E por isso a meio da viagem, interrompemo-la. Normalmente esse é um bom momento para fazermos a bagagem do passado. Olhar para dentro da nossa bagagem e começarmos a fazê-la do início.
Começar por escolher aquilo que queremos mesmo levar, aquelas coisas das quais gostamos tanto que já fazem parte de nós. Depois disso devemos por as coisas mais pesadas no fundo e no cimo as mais leves. E se ainda houver algum espaço podemos fazer uma de duas coisas: ou colocamos lá mais alguma coisa que achamos que nos vai fazer falta mesmo que saibamos que dificilmente fará, ou deixamos o espaço livre para trazer mais alguma coisa na viagem de regresso.
Essa decisão geralmente compete a cada um. Tem a ver intrinsecamente com aquilo que cada um de nós é e com a forma como pensa. Se um retiro nos fizer refazer a bagagem, acho muito bem que o façamos. Mas se pelo contrário acharmos que ainda vai ser mais difícil decidir o que levar na viagem, talvez essa não seja a altura ideal de interrompermos a viagem.
Até porque às vezes precisamos de alguém que faça a bagagem por nós, senão corremos o risco de nunca chegar a partir porque demorámos imenso tempo a decidir o que levar.
A quem já fixou o que é essencial na sua bagagem, já tem metade do trabalho feito.
Contudo, por vezes acontece, que muito do nosso passado marcante ainda ocupa um espaço de bagagem superior aquele que deveria, ou neste caso superior ao que lhe é permitido. Até porque como todos temos bagagem, se queremos partilhar uma viagem com alguém temos de saber abdicar de alguma da nossa bagagem, para que a bagagem desse/a companheiro/a de viagem também possa caber ao pé de nossa e possamos dessa forma iniciar uma viagem em conjunto.
E aí há que ter em atenção que não podemos opinar sobre o que cada um colocou na sua bagagem. A bagagem é uma coisa demasiado íntima e pessoal, para que seja fácil deixarmos que qualquer companheiro de viagem a analise. Normalmente quando alguém o faz, isso magoa-nos. É preciso já uma grande confiança para que possamos chegar a esse ponto. E mesmo quando lá chegamos, arriscamo-nos a sair feridos já por vezes nem nós sabemos se gostamos de toda a bagagem que decidimos levar nessa viagem.
É como te disse no início, todos temos bagagem(s).
Nem sempre temos é um espaço suficientemente grande que nos permite guardá-la no sítio que lhe destinámos."